sábado, 27 de outubro de 2007

27 de outubro de 2007

O dia amanheceu nublado. Durante toda a noite havia chovido. 06:00 horas da manhã:
- Ellen, abra a porta! Ellen, abra a porta!
- Ahan?!
- Nossa avó faleceu.

Pois é, foi assim que fui acordada por meu irmão. Com aquele rosto vermelho e voz embargada.
Foi só o começo. Arrumei-me, pois minha mãe havia passado a noite com a minha avó no hospital. Fui até ela, mas a encontrei no caminho. Nem acreditei, porque ela estava chegando de carro...dirigindo o próprio carro.
Ela me sentou no sofá...começou a contar histórias de sua infância...feitos da minha avó. Como é difícil manter-se centrada nestas horas. Fiz massagens em seus pés. Como estavam inchados os pés da minha mãe.
Mais tarde fui deixar o carro com meu tio que veio do Paraná e estava no hospital, mais exatamente na capela. Voltei a pé. Lá estava minha mãe descendo a ladeira, de banho tomado e bem vestida.
- Não posso ficar em casa. Se é para pensar na minha mãe, então prefiro ficar ao lado dela.
- Quer que eu vá com a senhora, mãe?
- Quero filha.
Lá fomos nós. Encontramos outros familiares. Choramos, revivemos passado, rimos de histórias.
Ainda não havia comido nada, então eu voltei para casa, enquanto minha mãe com outros parentes foram acompanhar o corpo até o cemitério.
16:00 eu percebi o quanto a geração da minha avó é grande. Minha avó foi agraciada por Deus, chegou a conhecer tataraneto. Minha avó tinha 87, faria 88 no dia 20 de dezembro. Em sua trajetória, ela enterrou 16 filhos e foi enterrada por 7 filhos, netos, bisnetos e tataraneto.
Sabe, minha mãe contou que de ontem para hoje não dormiu. Ficou ao seu lado a noite toda e que deitou ao lado dela. Colocou a cabeça dela em seu braço esquerdo junto a seu peito. Aos seus ouvidos, ela orou, cantou louvores e liberou a minha avó para ir para os braços do Pai. Em poucos minutos depois ela partiu.
Isso aqui está sendo meu desabafo. Um dia triste. Lembro que o dia permanceu nublado, depois fez um calor angustiante e depois tornou-se nublado novamente. Contudo, quando o túmulo foi fechado, suavemente o sol apareceu. Deu seu último brilho do dia naquele momento. E depois foi-se juntamente com as pessoas.
Está tudo muito recente. Efeitos ainda da adrenalina. Mas estou orgulhosa da minha mãe. Ela se superou. Minha mãe é a caçula, e minha avó a teve com 46 anos de idade. Foi a menina dos olhos da minha avó e mimada por meus tios. Muito apegada a minha avó. Para terem noção, ela dormiu no quarto dos meus avós até aos 13 anos de idade. Entretanto, mostrou-se valente. Ela chorou, amaldiçoou o dia 27/10/2007, mas não rendeu-se ao pânico.
Bom, esta foi a história do meu dia 27 de outubro de 2007. Onde Eletícia Gomes Mendes, conhecida também por muitos como Dona Pombinha, bateu asas e voou para encontrar-se com seu Criador e Salvador Jesus Cristo.
Depois posto fotos, agora está dando erro.

Um abraço.

Vó, eu te amo. Breve estaremos juntas. Por enquanto ficam aqui minhas lágrimas, saudades, admiração e, sobretudo, meu amor.

Nenhum comentário: