domingo, 26 de outubro de 2008

Era uma vez...

Era uma vez, uma menina que tomava conta de duas crianças.
Certo dia, ela decide dizer para uma das crianças que se errasse mais uma vez o dever de casa, ela teria que fazer 70 abdominais. Não que a menina realmente quisesse que a criança fizesse 70 abdominais caso ela cometesse algum erro, mas foi uma maneira que a menina encontrou para estimular a criança a prestar atenção no que estava fazendo, sem dizer que ela falou num tom super de brincadeira.
A criança errou 3 vezes, ou seja, 210 abdominais. A criança levou super na esportiva. Ela sabia que era mais uma brincadeira que uma punição. Então, a outra criança vira e pergunta à menina se poderia fazer 70 abdominais, afinal, ela também errara uma vez o seu dever de casa.
E lá estava as duas crianças fazendo o exercício físico.
O que era uma brincadeira, ou apenas deveria ser uma brincadeira, tornou o final feliz da história numa grande confusão, num emaranhado de mal-entendidos.

E foi justamente o que aconteceu comigo... :(
Depois da brincadeira, saímos para fazer compras. Josh então avisou ao pai que estávamos saindo. Ele respondeu que tudo bem, mas que deveríamos estar de volta em 30 minutos.
E lá fomos nós, mas não voltamos em 30, mas em 45 minutos. Por causa disso eles se atrasaram para algum tipo de compromisso que eu não entendi muito bem qual era. Alguma coisa relacionado à escola, mas nada de tão serio. Foi então que o Shawn perguntou ao Josh se ele havia feito sua leitura diária e ele respondeu que não.
O Aaron fez a leitura, mas eu realmente esqueci do Joshua. E o que aconteceu? Uma simples pergunta: por quê? E aí começa minha confusão.
Josh respondeu que teve que fazer 210 abdominais porque havia errado o dever de casa. A mãe escutou e aí já viu, né?!
Ela veio me perguntar se aquilo era verdade.
Neste momento eu estava no quarto passando algumas fotos para o computador, até que ela me chamou.
Eu sinceramente não acreditei naquilo que estava sendo perguntado. Seria mesmo eu capaz de obrigar uma criança a fazer 210 ABDOMINAIS???
Então, eu expliquei a ela que estávamos brincando, que não forcei eles a fazerem o exercício.
O Josh apareceu no corredor, e então, eu perguntei na frente da mãe: Josh, eu forcei você a fazer as abdominais? a gente estava brincando, não estava? E ele foi a meu favor, quando apareceu o Aaron e eu fiz as mesmas perguntas. E ele respondeu que não, que não estávamos brincando. Eu quase dei um treco!!! Sabe por quê? Porque foi ele que se convidou a fazer as 70 abdominais, enquanto Josh fazia as supostas 210. Foi ele que me perguntou se podia fazer também! Então perguntei se eu forcei a ele a fazer as 70 abdominais. Ele respondeu que não (aleluia!!!). Perguntei se ele lembrava de ter convidado a si mesmo a entrar na brincadeira e ele disse qua não. Para piorar minha situação, perguntei ao Josh se ele havia escutado a pergunta do irmão. O problema que quando o Aaroon me fez a pergunta, Josh estava fazendo o exercício e contando as abdominais que fazia. Ele, claro, respondeu que não.
Então contei detalhe por detalhe como havia acontecido a brincadeira.
A única coisa que jogava realmente ao meu favor era o fato de que Shawn estava em casa a todo momento no dia, ou seja, enquanto brincávamos o Shawn estava presente. Inclusive, antes mesmo de Aaron se convidar, ele chegou a comentar com o pai que Joshua teria que fazer 210 abdominais por ter errado 3 vezes o mesmo exercício; e a resposta dele foi simplesmente: que bom!
A Jean falou que entendia que era brincadeira, e que os meninos não haviam reclamado, mas apenas comentado como resposta a pergunta do pai do porquê da não leitura obrigatória do dia.
Voltei para meu quarto e continuei a mexer nas fotos, mas aquilo ficou engasgado, como também acho que ficou para ela, pois ela voltou ao meu quarto uns 3 minutos depois.
"Ellen, eu sei que você está chateada..." Foi quando eu a interrompi e respondi: "Jean, eu até entendo que você não confie em mim. Nós nos conhecemos apenas a 4 meses, mas você acha mesmo que eu forçaria a seus filhos a fazerem abdominais com o seu marido em casa???". Confesso que nessa hora eu já estava desabando em choro. Desabando em choro sem melodrama, o que quero dizer aqui é que eu não conseguia evitar as lágrimas rolarem.
Também perguntei a ela, ainda que não fosse por maldade, se ainda assim ela achava que seria capaz de fazer isso estudando pedagogia e dança na faculdade.
A resposta dela? Ela acha que deve ter sido um mal entendido de comunicação devido a minha dificuldade no inglês e que por isso eles poderiam ter interpretado como uma obrigação. Ainda sou obrigada a escutar isso também :(
Enfim, para encerrar o assunto, eu discordei, porque caso contrário o Aaron não teria se convidado para brincar e expliquei o porquê o Josh não havia escutado a pergunta do irmão. Também falei que se eles achassem que era tão sério, eles não teriam pegado pesinhos para continuar se exercitando e ainda depois ter feito uma aposta baseada em outro exercício físico. Ela pediu para que se eu achasse que o Aaron estivesse com mania de mentir, para que eu falasse para ela da próxima vez. Eu repliquei dizendo que ele não estava mentindo, mas apenas contando meia verdade.

Josh entrou no meu quarto, depois que a mãe havia saído, e me abraçando já chorando, me perguntou se eu estava com problemas com a mãe dele. Ele me pediu desculpas, não queria ter me deixado em má situação. Apesar de ter sido por causa da resposta dele a minha confusão, aquele abraço foi a melhor coisa que podia ter acontecido naquele momento. Ver aqueles olhinhos cheio de lágrimas apertou meu coração.

Blá-blá-blá. Eu sei que depois eles saíram para jantar e eu fui fazer minha inscrição para o próximo período no curso de inglês. Descobri que não precisaria pagar 10 dólares para mudar de turno e aproveitei para conversar bastante em inglês com a secretária.
Voltei para casa mais leve.
Quando chegou em casa, eu encontro uma vaquinha do restaurante Chick-fil-A e um papel com um pedido de desculpas pela confusão assinado pelos dois. Depois coloco a foto aqui para vocês verem.
Tentei desabafar com o Rafa, com minha mãe, mas não saíu nada, o jeito foi dormir...

Tá, e como encarar o dia seguinte o Aaron?! Porque sinceramente, eu fiquei magoada com ele. Mas não teve jeito, lá fui eu acordar o Aaron e ajudá-lo a vestir a roupa.
Depois da escola, um frio que só, o Josh me pergunta porque estava de maneira diferente... "Nada, apenas está muito frio."

As crianças foram limpar a varanda que a mãe havia ordenado de manhã, enquanto eu estava preparando uma vitamina para eles. Foi quando o Aaron chega com um punhado de rosas e diz: Ellie, me perdoa por não ter confiado em você ontem.

Ahhhhhhhhhh, não contei, né?! Quando saímos para fazer as compras, o Aaron queria comprar uma caixa de madeira, mas como na realidade não fomos realmente para fazer compras, mas sim, saber o que iria comprar no dia seguinte com o cartão de presente que eles receberam, então ele começou a chorar. Chorava alegando que quando voltasse no dia seguinte já teriam comprado a caixa antes dele. E eu pedindo para ele confiar em mim alegando que ainda que comprassem, a loja teria da mesma caixa no estoque. Enfim, chegamos atrasados por causa disso...

Mas voltando às rosas...não tive como resistir, porque ele se ajoelhou para fazer o pedido. Quando tomei as rosas, ele me deu um abraço super carinhoso.
Claaaaaaaaaaro que eu preferiria um bilhão de vezes que ele me tivesse pedido perdão por ter negado minhas perguntas na frente da mãe dele, mas fazer o quê?
Retornamos à loja e eles decidiram comprar um enfeite de Natal que eu havia gostado muito no dia anterior. Eu não acreditava naquilo, afinal custava 10 dólares dos 50 que eles tinham. Aaron teve que renunciar a bandeira americana que ele queria para comprar meu presente. Eu repliquei dizendo que não era necessário e Josh respondeu que eles queriam comprar o enfeite para mim porque eu era uma "AWSOME Au Pair".
Ok,ok, confesso que saíu um trilhão de fogos de artifício de dentro de mim. Nisso, se achega o Aaron e me dá um abraço confirmando as palavras do irmão.

Tá...e para finalizar este post, quando chego em casa, o chaveiro caíu em cima do meu enfeite quebrando ele em pedacinhos...ARGHHHHHHHHHHHHHHHH! As crianças não viram...


Moral da história: finais felizes só em conto de fadas!!! (brincadeirinha...)

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